Nesta semana, ao entrar na sala de uma das turmas do 2º ano para uma avaliação sobre “A Luneta Mágica” (Joaquim Manuel de Macedo), uma das obras de nossa lista de leituras de 2013, percebi que o número de “ah, profe, vamos discutir mais um pouco antes de fazer prova”, “tô lendo, mas não acabei” e “não consegui nem começar” estava grande. Resumindo, meia dúzia havia lido. Geralmente, minhas avaliações sobre livros visam principalmente a fazer com que o aluno associe a leitura a algum tema da vida cotidiana, contemporâneo ou não, e que consiga articular sua leitura com algo mais que datas, nomes e (argh!) escolas literárias.
Pois bem, o fato óbvio é: a avaliação seria desastrosa sem a leitura da obra. Como há dias em que meu sadismo escolar está relativamente baixo – isso geralmente coincide com um sono estável na noite anterior -, resolvi improvisar (aliás, uma de minhas atividades favoritas). Lembrei do livro “Como falar dos livros que não lemos?”, do francês Pierre Bayard, procurei no Google por alguma boa resenha e encontrei a da Fernanda Müller, colega do programa de pós-graduação em Literatura da UFSC.
A partir da polêmica proposta de Bayard e da discussão sobre estratégias que podemos utilizar para falar, sem passar vergonha, de coisas que não conhecemos senão superficialmente, pedi a eles que escrevessem um texto no qual ensinariam estratégias de não leitura a possíveis interessados. O gênero “texto de blog” foi sugerido por uma das turmas e acabou sendo o mais interessante. Os resultados, já em minhas mãos, foram surpreendentes e muito, muito divertidos.
Sugiro a leitura do artigo supracitado, do livro e de muita literatura. Afinal, é sempre melhor não ter que usar estratégias de embuste tão sofisticadas. Vai que teu interlocutor as está usando também?